19 novembro 2007

PEDINTES E PEDINTES



Quem costuma andar pelas ruas das grandes cidades com certeza já foi abordado por uma figura praticamente onipresente nas urbes brasileiras: o pedinte. O que talvez nem todos tenham reparado é que existem vários tipos de pedinte, que podemos reconhecer facilmente se observarmos as suas técnicas de abordagem.

O mais comum é, sem dúvida, o pedinte-numismático, assim denominado devido à sua estranha fixação por moedas. Costuma ficar nas portas dos supermercados, para abordar os consumidores que saem e lhes perguntar: "Tio, sobrou uma moedinha?"

No mesmo local (as portas dos supermercados), aglomeram-se os membros de outra classe de pedinte: o pedinte-gourmet, imediatamente identificado porque sempre pede que lhe comprem algo para comer.

Longe dali, nas cercanias das estações rodoviárias, encontramos um tipo sem dúvida emblemático: o pedinte-peregrino, que está sempre querendo viajar para alguma cidade distante. Um dia ele vem e nos diz que é de São Borja, foi assaltado e precisa de ajuda para comprar uma passagem de volta. Algum tempo depois, a mesma criatura nos aborda e pede dinheiro para comprar uma passagem de volta... para Dom Pedrito! E assim sucessivamente.

Um pedinte cada vez mais comum é o pedinte-chantagista, que sempre tenta nos coagir dizendo que poderia estar roubando, mas prefere pedir.

O pedinte-patriarca, outro tipo clássico, tem doze filhos para sustentar, está desempregado e precisa de uns trocados pro leite, mas geralmente reclama quando lhe damos uma caixa de leite ao invés dos trocados.

Já o pedinte-hipocondríaco, como não poderia deixar de ser, pede-nos auxílio para comprar remédios. Via de regra, remédios caríssimos para moléstias extremamente raras.

E a última moda em termos de esmolagem é o pedinte-mascate, que nos enche o saco em bares e praças para vender as suas bugigangas cheias de luzinhas, suas balas de goma ou seus cartõezinhos com poemas ruins, sempre pelo preço tabelado de "um real ou um vale-transporte". A categoria tem plano de carreira e é a que mais cresce em tempos de Capitalismo Selvagem.

É de suma importância, para o transeunte moderno, conhecer bem e identificar todos os tipos de pedinte, para que sempre possa adotar a evasiva mais adequada para cada situação.

2 comentários:

gllima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gllima disse...

Lá no interior tem os pedintes-júnior, que na verdade são sobrinhos meus que me perguntam se eu tenho coisa pra dá.